Mudar nem sempre é a resposta

Mudar nem sempre é a resposta

O processo de transformação não é (apenas) um caminho aparente que nos leva de um lugar para outro, mas uma jornada interior de expansão por meio da liberdade de sentir, pensar e agir de forma inédita. O caminho exterior simplesmente responderá a isso.

Há muitos anos, uma analista me desafiou a não mudar (de trabalho, namorado ou CEP) como eu costumava fazer toda vez que entrava na “Curva do Tédio”, um incômodo profundo que mobilizava a busca por novos rumos.

Na época, a estrada (literal e simbólica) parecia mais atraente que qualquer porto-seguro, a ideia de enraizamento provocava alergia. Reagir às circunstâncias, tomada pela sede de adrenalina e movimento, era um automatismo. A pausa, a temperança e a resposta oportuna não pareciam caminhos plausíveis. Mudar consistia em repetir.

A vontade de mudar está conectada às frustrações

O impulso de mudar costuma vir de uma frustração vivida como limitação ou destino inevitável. Neste cenário, busca-se alternativas, elege-se possibilidades e prioridades, e age-se confiando na eventual colheita. Tudo o mais rápido possível.

Nesta linha, quem troca de trabalho com frequência acaba ganhando credenciais quase automáticas de arrojo, quando esse movimento também pode representar baixa tolerância à frustração, pouco comprometimento com metas de longo prazo, ou simplesmente incompetência. Também convencionamos que novas tecnologias e pautas da moda devem ser absorvidas imediatamente, sem filtro ou crítica, caso contrário você/seu negócio será percebido como jurássico.

O quanto de originalidade há nisso afinal? E por que acreditamos com tanta facilidade que movimento é sinônimo de progresso?

Mudar nem sempre é a resposta

No livro “A Revolução das Plantas: um novo modelo para o futuro”, Stefano Mancuso ensina que o reino vegetal não tem condições de recorrer às estratégias de luta ou fuga, e que há um outro tipo de inteligência no comando de sua sobrevivência. No outono, por exemplo, as árvores ganham uma cor chamativa possivelmente para afastar a ameaça dos pulgões. Mas será que a espécie humana teria uma estratégia de sobrevivência ainda desconhecida ao seu dispor?

Num tempo em que se valoriza o fetiche do imediatismo e da novidade, passamos a subestimar a perseverança, a continuidade e a constância como virtudes necessárias para se esperar pelo momento oportuno da ação.

Quietude não é o mesmo que estagnação, mas um estado dinâmico, um ponto de equilíbrio e harmonia natural em todo o sistema de mudança, como bem ilustra o I Ching (também conhecido como o livro das mutações). Esse “lugar” também pode surpreender e conduzir à descoberta.

https://vidasimples.co/colunista/mudar-nem-sempre-e-a-resposta-veja-quando-permanecer-e-mais-sabio

INSTRUÇÃO: Diante das ideias expressas no texto da prova de Língua Portuguesa, posicione-se, em um texto dissertativo de 20 linhas, sobre como a sociedade tem lidado com a frustração e de que maneira é possível permanecer, sem que essa decisão afete a saúde mental das pessoas envolvidas. Argumente adequadamente a fim de justificar o seu ponto de vista.

NÃO É NECESSÁRIO DAR TÍTULO A SEU TEXTO

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Karla Gomes

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