Etarismo e “age shaming”: entenda o preconceito relacionado à idade

Etarismo e “age shaming”: entenda o preconceito relacionado à idade

O etarismo afeta jovens e idosos, mas a mudança começa com a valorização da diversidade etária e o respeito ao envelhecimento.

POR ALESSANDRO FERNANDES

17/10/2023

Você já ouvir falar em etarismo, idadismo, velhofobia e gerascofobia? Estes termos são utilizados para explicar o preconceito na sociedade quando o assunto é idade e faixa etária. Enquanto os jovens convivem com uma necessidade urgente de demonstrar maturidade e serem responsáveis, adultos presenciam o conflito que é receber questionamentos por estar “ultrapassado” ou pouco útil a certas tarefas. É por isso que, embora o age shaming – conceito em inglês que resume a “vergonha de envelhecer” -, receba estímulos diários, há também uma pressão para viver a juventude a partir de um certo padrão.       

Mesmo que o etarismo afete diferentes grupos sociais, é comum que ele exista em maior intensidade nos grupos minorizados. “Embora possamos sofrer este preconceito em qualquer idade, ele nos atinge mais fortemente na velhice”, explica Fran Winandy, escritora, conselheira em ESG e Diversidade Etária. E não é difícil comprovar.

Segundo Winandy, um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que a cada dois idosos, um sofre discriminação pela idade. Ela lembra que a presença do age shaming deriva de um conceito conhecido como lookismo. O termo sugere que há uma postura de segregação e tem origem na aparência das pessoas. Por isso, é comum que, no mercado de trabalho, as pessoas tentem disfarçar seus traços de envelhecimento. “A ideia é parecer mais jovem e evitar associações aos estereótipos que se relacionam ao envelhecimento para que as oportunidades de emprego e desenvolvimento profissional não sofram prejuízos”, destaca Fran Winandy.

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Às vezes, mesmo que com boas intenções, costumamos reproduzir valores e expressões etaristas. “Fazemos piadas sobre velhos e somos etaristas em nossos elogios com as pessoas”, afirma Fran Winandy.  Dizer “como ela está bem para a idade, que mulher bem conservada”, revela, na verdade, uma repulsa à velhice. “Achamos incrível quando alguém mais velho tem desenvoltura com tecnologia e estranhamos relacionamentos amorosos entre pessoas de faixas etárias diferentes, procurando um motivo que o justifique”, explica a escritora.

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O cenário não é favorável ao fim do etarismo, da velhofobia ou age shaming. As propagandas publicitárias, procedimentos estéticos e cirurgias que se popularizam, como a harmonização facial, representam desdobramentos desse cenário. Na década de 1990, as modelos super magras que estampavam a capa de revistas provocaram, em muitas mulheres, uma vergonha e rejeição ao corpo gordo.

Além disso, os efeitos vão desde impactos simples, como a internalização da necessidade de pintar o cabelo ou comprar produtos que rejuvenesçam a pele, até questões mais graves. Os transtornos alimentares, como anorexia e bulima, decorrem de pressões estéticas e corporais.

Para Jhenyffer Coutinho, combater esse estigma passa por promover maior conscientização social e incentivo a uma cultura do respeito. “Isso pode partir de políticas antidiscriminatórias, educação pública e mudanças nas atitudes sociais”, destaca. “Além disso, é importante encorajar conversas abertas sobre envelhecimento, autoestima e aceitação de si mesmo para que as pessoas se sintam valorizadas, independentemente de sua idade”, conclui.

Juntos, podemos trabalhar para superar a “vergonha de envelhecer” e celebrar a diversidade etária, reconhecendo que cada fase da vida tem seu próprio valor e beleza. É o que também avalia a especialista Fran Winandy. “Uma maior conscientização social permitiria uma redução da associação da aparência de velhice a percepções de obsolescência e desatualização. Além disso, reduziria nas pessoas a vergonha de envelhecer”, sugere. Por isso, ela propõe que existam conteúdos educativos que mostrem o envelhecimento como um fenômeno natural da vida.

image-3 Etarismo e “age shaming”: entenda o preconceito relacionado à idade

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INSTRUÇÃO: Diante das ideias expressas no texto da prova de Língua Portuguesa e da campanha do Ministério Público do Maranhão, posicione-se, em um texto dissertativo de 20 linhas, sobre o envelhecimento populacional e a necessidade de estratégias de combate ao etarismo. Argumente adequadamente a fim de justificar o seu ponto de vista.

NÃO É NECESSÁRIO DAR TÍTULO A SEU TEXTO

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Karla Gomes

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